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🇧🇷 A Guia Naturalista em Campo: Vitória-régia

Muito conhecida por ser uma das maiores plantas aquáticas do mundo, com folhas que podem chegar a 2 metros de diâmetro e que aguentam até 40 kg!

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É impossível pensar em algum cenário Amazônico sem a presença da belíssima Vitória-régia (Victoria amazônica). Sendo a Amazônia uma terra de gigantes, as plantas não ficariam de fora. Algumas fotos famosas da planta mostram crianças em cima dos grandes discos que emergem das águas calmas e barrentas da Bacia Amazônica.

O processo de polinização das Vitórias-régias é muito específico (e por isso muito interessante!) já que é realizado apenas por besouros do gênero Cyclocephala. As flores brancas (que surgem no período de pico da cheia, quando a água atinge os lagos internos) se abrem ao crepúsculo e passarão a noite abertas, atraindo os besouros graças à emissão de calor e de um forte aroma. Você já ouviu falar da Dama-da-noite? Se sim, sabe que ela recebe esse nome por exalar um forte perfume à noite, neste caso para atrair mariposas, e talvez saiba que se trata também de uma flor branca, a cor clara facilita a identificação a noite sendo comum nas plantas que são polinizadas por animais noturnos (besouros, mariposas, morcegos). As duas plantas, portanto possuem um mecanismo muito parecido para atrair os polinizadores.

Voltando as Vitórias-régias, uma vez atraído o besouro, a flor se fecha e o inseto ficará preso nela até a próxima noite (calma, não precisa ficar com dó do bichinho, ele também se beneficia no processo e fica comendo um tipo de amido fornecido pela flor 😀). Quando a flor volta a abrir no crepúsculo seguinte, o besouro é liberado e irá carregar o pólen coletado para outra flor mais tarde. As flores já visitadas pelo inseto, não produzem mais aroma e suas pétalas se tornam rosa-avermelhadas para não atrair novos polinizadores. Daí então a flor irá afundar enquanto as sementes maturam e depois estas serão dispersas pela correnteza.

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A Lenda de Jaci

Há também uma lenda indígena (triste, mas bonita ao mesmo tempo) sobre a planta. Conta-se que uma bela índia chamada Naiá apaixonou-se pelo deus Jaci (a Lua). Este, muitas vezes descia à Terra e levava consigo algumas moças e as transformava em estrelas para lhe fazer companhia. Naiá sonhava com o dia em que o deus iria chamá-la. A jovem rejeitava todos os índios, até os mais bravos guerreiros, que tentavam cortejá-la e todas as noites ia admirar seu amado Jaci. Numa destas ocasiões, a moça vendo o belo reflexo do luar à beira de um lago, imaginou que o deus houvesse descido para se banhar e se atirou em direção a ele, mas acabou se afogando. Jaci então vendo a situação de Naiá e se compadecendo resolveu transformá-la numa estrela das águas, uma Vitória-régia, cuja flor se abre assim que Jaci aparece nos céus.

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Créditos (fotos e texto): Cynthia Lebrão

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