Os Agentes Ambientais Voluntários nos conduzem nesta incrível experiência da Uakari Lodge
Conservação de quelônios na comunidade Tapiira
Um dos maiores espetáculos que pude presenciar durante esse tempo guiando na Pousada Uacari foi a reprodução de trinta-réis-grande (ou gaivotas como são conhecidas aqui na Amazônia), dos corta-água (também chamados de talha-mar em alguns locais) e dos tracajás nas praias que se formam na época seca.
Assim que as águas começam a baixar e as praias vão aparecendo, as aves já vão tomando conta destas: o som predominante é o das vocalizações das colônias de trinta-réis-grande (Phaetusa simplex) e dos casais de corta-água (Rynchops niger), que ainda fazem vôos rasantes em nossa direção para proteger seus ninhos. É importante usar capacetes de proteção e tentar não se aproximar muito dos ninhos (o que é muito difícil já que eles estão espalhados por todos os lugares no chão) durante as visitas. Este passeio é feito nos meses de setembro a novembro com os hóspedes que optam pelo pacote de sete noites. Há sempre um guia comunitário conosco, que também é um Agente Ambiental Voluntário (AAV).
Estes agentes participam no monitoramento reprodutivo dos quelônios, uma iniciativa dos próprios ribeirinhos e que conta com a parceria do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM). Os voluntários recebem treinamento específico e vigiam as praias à noite para identificar as fêmeas subindo a praia para desovar e de dia para assegurar a integridade dos ninhos, após estes serem identificados, é feita a contagem dos ovos e isolamento do ninho para evitar danos.
Este programa contribui para a pesquisa e conservação de três espécies (todas sob algum grau de ameaça de extinção) de quelônios que se reproduzem na Reserva de Desenvolvimento Sustetável Mamirauá: as tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa), tracajás (Podocnemis unifilis) e iaçás (Podocnemis sextuberculata). Nossas visitas também tem uma contribuição para o programa: tanto economicamente (o que é importante já que os agentes são voluntários) quanto para a educação ambiental de todos os envolvidos no processo. Os quelônios e aves agradecem!
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Créditos:
. Texto e imagens: Cynthia Lebrão
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